Advogados

Ana sente o peso da ansiedade assim que entra no escritório, e cada olhar parece uma avaliação silenciosa de sua competência. Comentários como “Você precisa ser mais ágil,” “Aqui ninguém tem tempo pra insegurança,” e “Será que você vai dar conta?” vão se acumulando. Outras frases, como “Ela é lenta, demora a entender” ou “Isso é básico, não acha?”, a deixam desconfortável. A cada pergunta que faz para entender melhor o trabalho, Ana percebe olhares e risadinhas, e a atmosfera fica tensa. Ela tenta participar, mas é anulada em reuniões e decisões fora de seu alcance. No silêncio, o medo cresce, e o trabalho se torna um espaço de desgaste emocional constante, deixando-a questionando sua capacidade.

Do outro lado, João, seu líder, acredita que a cobrança constante é necessária para extrair o máximo da equipe. Frases como “Você precisa dar mais de si” e “Não podemos perder tempo esperando” se tornam comuns, mas ele não percebe o impacto de impor prazos impossíveis e tarefas fora das responsabilidades de Ana. Ela é constantemente desafiada a assumir projetos fora de seu escopo, sabendo que pode fracassar. Esse ambiente frio e de cobranças excessivas aumenta a sensação de que ninguém é suficientemente bom, e a rotatividade cresce junto com a tensão.

Assim, um ciclo se forma: tanto vítimas quanto agressores são reféns de uma cultura de silêncio e medo. O assédio passa despercebido, mascarado como “pressão por resultados” e “feedback direto”, mas as consequências são profundas. Esse ciclo corrói a confiança, afeta a saúde mental e impede o diálogo aberto e empático. Para quebrar essa cadeia, é preciso coragem para falar e ouvir, para trazer a voz da empatia e restaurar o respeito e o valor humano no ambiente de trabalho.